Tokyo Skytree

Mudanças

…e então mais de 2 anos voaram desde a última atualização por aqui. Passou da hora de tirar um pouco da poeira e aproveitar melhor esse espaço.

 Este vai ser um post pessoal pois sinto que antes de contar sobre minhas experiências aqui do outro lado do globo, acho que vale explicar uma questão que tenho recebido frequentemente: “Por quê Japão!?”

Perguntar não ofende, afinal não tenho descendência oriental como a grande maioria dos brasileiros vivendo por aqui. Então, a resposta mais óbvia pode parecer “ah, porquê eu gosto muito de anime e tal…” o que é verdade, só que não foi o principal motivo.

 Claro que meus primeiros contatos com a cultura japonesa se deram através de alguma animação que era transmitida na TV aberta. Da infância para a adolescência o interesse pela cultura como um todo só aumentou e no início da fase adulta eu já estava fascinado pela língua, pelas músicas, pela cordialidade do povo e muitas outras coisas.

Na adolescência era comum ouvir dos adultos que deveríamos (nós, os adolescentes daquela época) adquirir competências nos destacassem dos outros candidatos em uma eventual entrevista de emprego. Saber inglês já era um senso comum porque o básico era ensinado durante a fase escolar.

 Muitos diziam “aprenda mandarim” já naquela época. E eu tentei. Tentei também língua alemã e língua hispânica mas foi só com língua japonesa que encontrei um certo prazer em continuar aprendendo, é um desafio que me agrada e ainda não consigo explicar bem até hoje.

E em 2008, ano em que se comemorou o centenário da imigração japonesa no Brasil, fui aprovado no nível mais básico da prova de proficiência de língua japonesa. Era um nível bem básico mesmo, equivalente ao vocabulário das crianças em idade escolar no Japão, mesmo assim comecei a pensar com mais seriedade em um dia viajar e tentar usar o que havia aprendido para me comunicar com nativos.

 Fui juntando minhas economias e pesquisando como tornar possível chegar até lá. Porém no ano seguinte, com a crise econômica mundial batendo à porta, resolvi esperar um pouco.

 Caminho profissional seguiu, caminho acadêmico seguiu e eu estava decidido a tentar novamente em 2011, mas depois do grande terremoto que atingiu o norte do país no começo do ano, achei prudente adiar.

 Caminho profissional e vida acadêmica se misturaram e seguiram. Em algum ponto desse período a viagem parecia ser só um objetivo distante. Com o passar dos meses a iminência da chegada de uma nova crise me deu estímulo para tirar esse sonho do papel o quanto antes. Finalmente em outubro de 2016 vim para o Japão pela primeira vez, sozinho, com meu próprio roteiro e sem conhecer praticamente ninguém por aqui.

 Antes mesmo que entrar no avião de volta para o Brasil eu já estava decido que este é um lugar para chamar de lar. Eu queria voltar e viver aqui por mais tempo, para sempre se possível. Esse voltou a ser o meu maior objetivo desde então.

E cá estou eu!

Ainda que muito resumido, esse texto já está muito longo. A partir daqui vou tentar resumir ainda mais os principais acontecimentos dos últimos anos.
Começando pelo principal: me mudei para Tokyo em Abril de 2018 e continuo vivendo por aqui.

Durante todo o ano de 2018 e início de 2019 me dediquei a estudar o idioma japonês, o que consumia (e ainda consome) boa parte do meu tempo. No entanto, a imersão auxilia muito no aprendizado, a comunicação ainda não flui de forma perfeita mas no fim de todo dia sinto que aprendi algo novo, e isso é reconfortante!

Nesse período, frequentando aulas diariamente, pouco me dediquei à produção criativa. Porém a absorção de cultura ajudou a manter a criatividade pulsando o tempo todo.

 Apesar de me controlar para não comprar toneladas de livros de arte e design, consegui focar um pouco no estudo de NPR pois notadamente é um estilo que tem muita aplicabilidade por aqui.

 Mesmo não sendo um tipo de render que não exige um equipamento “pesado”, meu Macbook velho de guerra não tem dado conta de acompanhar minhas “aventuras” com os programas de modelagem. Recentemente consegui um outro notebook com um pouco mais de memória e estou retomando o ritmo de estudos aos poucos nas horas vagas.

No lado profissional, participei de curtos projetos como controlador de qualidade no idioma português, (LQA) adaptado do inglês, para jogos digitais em dispositivos móveis e brevemente em um jogo para console também.

Trabalhei também como atendente em restaurante de comida típica brasileira (afinal, a zona de conforto não coube na bagagem, não é mesmo!?) e sinto que foi o período em que mais progredi em relação ao estudo de idiomas estrangeiros.

Me considero muito privilegiado por estas oportunidades pois em ambas fiz amigos que me ajudaram muito no processo de adaptação nesta nova fase.

Desde Abril de 2019 comecei a trabalhar como Generalista 3D em um estúdio de animação que, além de produzir séries para TV, também produz animação para jogos digitais dentre outras mídias.

Sem modéstia, a equipe é muito talentosa, o ambiente é incrivelmente descontraído e aprendo muito todos os dias com todos. Logo espero poder publicar sobre os projetos em que trabalhamos.

Até aqui, estou pessoalmente e profissionalmente realizado mas continuo sempre em busca de aprimoramento e testando novas técnicas e ferramentas.

Noto pela métrica do site que posts mais técnicos como aquele sobre Render Farm são bastante acessados, então vou tentar publicar mais conteúdo com temas relacionados no futuro.

No mais, se quiser me acompanhar nesta aventura mais de perto, fique à vontade para me seguir pelo Facebook ou Instagram.

Lave as mãos e use máscara.

Abraços virtuais!

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